Estudo: Coronavírus
O isolamento social e o aumento da violência doméstica
Junho de 2020, estudo feito pela Famivita com mais de 10.000 mulheres entre 22 e 23 de junho de 2020: Com o aumento de casos de coronavírus no Brasil nos últimos meses, está claro que o medo da população vem crescendo igualmente. Não bastasse o medo de se infectar, outro medo assola as mulheres brasileiras, a violência doméstica. O confinamento social faz com que casais passem mais tempo juntos, o que amplia os conflitos familiares.
Dados da ONU demonstram que houve um aumento nas denúncias formais de abuso desde que a pandemia começou. E, a Famivita, em nosso mais recente estudo constatou que 4% das brasileiras já sofreram violência doméstica nos últimos meses. Considerando 40 milhões de mulheres vivendo em união, seriam 1,6 milhões de casos só na pandemia.
A violência doméstica é fato conhecido no Brasil. Segundo o Painel de Monitoramento da Política Judiciária Nacional de Enfrentamento à Violência Contra as Mulheres, do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), os casos de feminicídio que chegaram ao Judiciário em 2019 cresceram 5% em relação a 2018.
Isso sem contar as milhares de mulheres que sofrem caladas. Um levantamento do Datafolha feito pela ONG Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), levantou que, após sofrer uma violência, mais da metade das mulheres (52%) não denunciou o agressor ou procurou ajuda.
Mas, por quê os números estão subindo ainda mais durante a pandemia?
De acordo com relatório do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime, da ONU, o lugar mais perigoso do mundo para uma mulher é a sua própria casa.
sua parceira do que antes do coronavírus?
- Percebe-se que um dos motivos é o aumento do tempo em que os casais estão passando juntos durante o confinamento. Pelo menos 61% deles estão mais próximos desde que a pandemia começou.
- Esse número é superior entre os casais com maior inserção no mercado de trabalho.
- Os maiores casos de violência se concentram entre os mais jovens, até 24 anos e também entre as pessoas na faixa dos 40 anos.
- Os homens também sofrem com a violência doméstica, e 7% deles alegam já ter passado por ela.
- Um ponto positivo a ser citado, é que 66% das famílias com filhos, estão passando mais tempo juntos.
- 1.Alagoas
- 2.Amapá
- 3.Amazonas
- 4.Acre
- 5.Rondônia
- 6.Santa Catarina
- 7.Rio de Janeiro
- 8.São Paulo
- 9.Pernambuco
- 10.Minas Gerais
- 11.Distrito Federal
- 12.Paraíba
- 13.Rio Grande do sul
- 14.Goiás
- 15.Bahia
- 16.Ceará
- 17.Rio Grande do Norte
- 18.Mato Grosso do Sul
- 19.Mato Grosso
- 20.Maranhão
- 21.Tocantins
- 22.Paraná
- 23.Pará
- 24.Espírito Santo
- 25.Sergipe
- 26.Piauí
- 27.Roraima
As crianças também fazem parte do grupo que sofre com a violência doméstica, por serem frágeis, inocentes, indefesas e dependentes. Nosso estudo constatou que pelo menos 3% dos filhos das entrevistadas sofreram algum tipo de violência doméstica, desde o início da pandemia.
- Os homens estão entre os que mais perceberam a violência contra os filhos, 7% deles. Enquanto as mulheres, somente 3%.
- Além disso, uma em cada oito participantes soube de casos de violência doméstica contra crianças em seu entorno.
- Rondônia e Amazonas são os estados que mais registraram violência contra os filhos, com 5% das participantes.
- Em São Paulo e no Rio de Janeiro esse percentual é de 3%.
- Já o Acre e Piauí são os estados que menos apresentam violência doméstica entre os filhos, com menos de 1%.
- Dentre todos os estados brasileiros, o número de brigas, conflitos e divergências aumentou 27% entre os casais participantes.
- Os mais jovens e menos estabelecidos estão entre os que mais discutiram desde que a pandemia começou.
- Roraima é o estado campeão de brigas e desentendimentos entre casais, com 38% dos participantes.
- No Rio de Janeiro, 31% dos casais aumentaram o número de brigas, e um dos reflexos, é o percentual de violência doméstica no estado, que é de 4%.
- São Paulo também teve aumento de 27% nos desentendimentos, e registra 4% de mulheres que sofrem violência doméstica.
- Em Rondônia embora o percentual de brigas seja o mais baixo de todos os estados, 20%, o percentual de violência doméstica é alto, 6%.
O estudo teve abrangência nacional e foi realizado com mais de 10.000 mulheres entre 22 e 23 de junho. O método de coleta de dados foi feito por meio de questionário em formulário na internet com as seguintes perguntas:
- Você passou mais tempo com seu parceiro ou sua parceira do que antes do coronavírus?
- Houve mais brigas conflitos ou divergências entre você e seu parceiro ou sua parceira?
- Você sofreu violência doméstica desde o início da pandemia?
- Você soube de casos de violência doméstica contra crianças em seu entorno durante a pandemia?
- Seu(s) filho(s) sofreram algum tipo de violência doméstica desde o início da pandemia?