Estudo: “Gravidez do coração” – A adoção no contexto da infertilidade



Maio de 2023, estudo feito pela Famivita com mais de 2.500 participantes entre 12 e 18 de abril de 2023: Nesta quinta-feira (25), é celebrado o Dia Nacional da Adoção. A efeméride vem conscientizar sobre a importância de oferecer um lar para crianças e adolescentes que não tiveram a chance de crescer junto a uma família.

Conforme informações do Sistema Nacional de Adoção e Acolhimento, do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), no Brasil existem quase 34 mil crianças e adolescentes abrigados em casas de acolhimento e instituições públicas semelhantes. Destas, cerca de 4 mil estão prontas para a adoção, à espera de pessoas que as amem e cuidem delas, oportunizando crescerem de forma saudável, em um ambiente que as ampare plenamente.

Noutra perspectiva, muitos casais que têm dificuldades para obter a gestação, ou recebem um diagnóstico de infertilidade, encontram na adoção uma maneira de finalmente concretizar o sonho de constituir uma família. E, pertinente a isso, nosso último estudo revelou que 61% dos brasileiros e brasileiras cogitam a adoção, sendo ela vista como uma alternativa.

Você consegue/conseguiria imaginar adotar uma criança?

Uma conta que não fecha

Estima-se que haja no país aproximadamente 43 mil casais pretendendo adotar uma criança – número expressivo e bastante superior aos infantes disponíveis para adoção. A questão, porém, segundo profissionais da área, é que a maioria dos candidatos a adotantes faz exigências e demonstra preferências, que por sua vez são parecidas. Por isso, existem muitos candidatos a adotantes concorrendo pela adoção das mesmas crianças.

Crianças brancas, sem irmãos, sem deficiência física ou cognitiva e com baixa idade costumam ser o perfil mais escolhido. Grande parte dos adotantes prefere adotar crianças com até 2 anos de idade de modo que quanto mais velhas elas forem, menor a chance de adoção. E o que acontece é que, na prática, os infantes com mais de 10 anos têm chances mínimas de serem adotados.

Acerca do assunto, especialistas apontam que também há uma forte questão cultural envolvida, referente aos chamados “laços de sangue”, ou seja, a consanguinidade. Assim, ocorre com certa frequência de os adotantes terem em vista semelhanças físicas, buscando uma espécie de comprovação dessa vinculação biológica, preferindo uma criança ainda bebê e que apresente traços físicos semelhantes aos da família pela qual será adotada. E, ainda a respeito disso, nosso estudo revelou que para 28% dos participantes, a idade e/ou a aparência da criança seria levada em consideração. Nesse caso, 16% se importaria com a idade, 5% com a aparência, e 7% com ambos os fatores.

Você se importaria com a idade e/ou a aparência da criança?

  • Quem tem dificuldades para engravidar liderou as respostas positivas, com 67% afirmando que a adoção é uma ideia a ser pensada.
  • Entre as pessoas com filhos, 58% disseram que a adoção é uma possibilidade; já no que se refere às pessoas sem filhos, esse número foi de 64%.
  • Entre as mulheres74% disseram não se importar com a idade e/ou aparência, contra 57% dos homens.
  • Das pessoas com dificuldades para engravidar, 66% não levariam em consideração a idade e a aparência; já entre as pessoas sem dificuldades, esse número foi de 75%.
Infertilidade e adoção

Algo muito relatado é que a infertilidade ou mesmo a dificuldade de engravidar vêm acompanhadas de uma sensação de incompletude, de inabilidade do corpo, posto que a própria questão da capacidade reprodutiva, desde cedo, é vista pelo indivíduo como algo inerente – como se já viesse “pronta” na vida de todo ser humano. Conseguir gerar descendentes, assim, dispõe de uma alta carga simbólica, sendo para mulher, por exemplo, um distintivo da feminilidade e, para o homem, da virilidade.

Com tantos elementos e subjetividades atravessando essa questão, boa parte dos casais geralmente passa do tratamento da infertilidade para a adoção, após esgotar as opções médicas disponíveis, procurando antes ter certeza que a gravidez biológica está fora do seu alcance. E relacionado a isso, 32% dos participantes do nosso estudo revelaram que têm ou tiveram dificuldades para engravidar, tendo transcorrido 12 meses de tentativas sem que se obtivesse a gestação.

  • Especialmente aqueles na faixa etária entre 35 e 39 anos relataram apresentar essa dificuldade, com 38%.
  • Entre os participantes do estudo, 57% revelaram estar tentando engravidar.
  • Tocantins é a localidade em que mais entrevistados apontaram ter a adoção em vista, com 79%.
Índice das brasileiras e brasileiros para quem a adoção é uma possibilidade, por Estado
Ranking dos Estados em que brasileiras e brasileiros expressaram se importar com idade e/ou aparência
  • 1. Acre
  • 2. Roraima
  • 3. Alagoas
  • 4. Pernambuco
  • 5. Sergipe
  • 6.Amapá
  • 7. Ceará
  • 8. Amazonas
  • 9. Santa Catarina
  • 10.Bahia
  • 11. Minas Gerais
  • 12. Rio de Janeiro
  • 13. São Paulo
  • 14. Rondônia
  • 15.Mato Grosso do Sul
  • 16. Maranhão
  • 17.Pará
  • 18. Mato Grosso
  • 19. Paraná
  • 20. Distrito Federal
  • 21. Rio Grande do Sul
  • 22. Espírito Santo
  • 23. Rio Grande do Norte
  • 24. Paraíba
  • 25. Piauí
  • 26. Goiás
  • 27.Tocantins
Método de Pesquisa

O estudo teve abrangência nacional e foi realizado com mais de 2.500 pessoas, entre mulheres e homens, no período entre 12 e 18 de abril de 2023. O método de coleta de dados foi feito por meio de questionário em formulário na internet.

As seguintes questões foram abordadas:

  • Você consegue/conseguiria imaginar adotar uma criança?
  • Você se importaria com a idade e a aparência da criança?
  • Você tem ou teve dificuldades para engravidar com mais de 12 meses de tentativas?

Para efeitos de comparar os resultados entre regiões e estados, as respostas das perguntas afirmativas foram contabilizadas em números, 1 para “sim” e 0 para “não”. Algumas perguntas, com objetivo de obter resultados mais qualitativos, foram elaboradas com mais opções.