O que é o pH da pele e como mantê-lo

  • Revisado por
    Patricia Amorim
    Idealizadora da Famivita


Hoje, todo mundo que faz uma rotina de skincare tem por obrigação saber de uma coisa: o quanto cuidar do pH da pele, especialmente o do rosto, é importante. Entre os especialistas no assunto, ele é conhecido como potencial hidrogeniônico (daí a sigla pH) e se refere a um indicador funcional da superfície cutânea.

É graças ao pH que a pele se protege, por exemplo, da ação dos fungos e bactérias. Desse modo, é interessante tanto do ponto de vista cosmético como dermatológico, estabelecer esse controle do pH, até porque atualmente o contato da nossa pele com substâncias agressivas é frequente, desequilibrando esses níveis.

Isso acontece quando usamos sabonetes, cremes e outros produtos sem a devida precaução em saber se estão interferindo na microbiota (termo usado para descrever a coleção dos micro-organismos que vivem em nossa pele).

O potencial hidrogeniônico é definido como uma escala numérica utilizada para especificar a acidez de uma solução. O melhor valor de pH da pele, na maior parte do nosso rosto e corpo, está entre 4,7 e 5,75. Um pH de 7, que é o da água pura, por exemplo, é enxergado como neutro.

Assim, qualquer coisa abaixo de 7 será considerada ácido e, estando acima, alcalino – logo, o pH natural da pele é ligeiramente ácido. Ficou um pouco complicado? Bom, aqui explicaremos cada detalhe disso.

O pH da pele
O pH e as doenças de pele
Limpando sem alterar o pH
O pH na rotina de skincare

1 O pH da pele

Antes se pensava que a camada mais externa da pele, o estrato córneo, era composto apenas de células mortas. Todavia, hoje é grande o número de estudos comprovando o quanto essa região é biologicamente ativa.

E no estrato córneo habita um enorme número de microorganismos. Ali há espécies transitórias e residentes: são bactérias, fungos, leveduras e até vírus, todos trabalhando juntos, tanto para regular o sistema imunológico, como para impedir que outros microrganismos, potencialmente causadores de doenças, invadam a área da pele.

É nesse “espetáculo” montado pelo estrato córneo que as secreções das glândulas sebáceas (que produzem sebo) e sudoríparas (que produzem suor) originam a formação de um manto ligeiramente ácido sobre a superfície da pele, o também chamado manto ácido cutâneo. Nele está presente, igualmente, o pH natural cutâneo.

Notamos, então, que o pH da pele é mantido por uma mecânica delicada, uma harmonia fina que envolve fatores como o suor e a secreção de sebo, bem como o próprio metabolismo das células. E, nesse sentido, a reação ácida encontrada nela é garantida pelo ácido lático do suor e, em menor quantidade, pela presença dos ácidos glutâmico e aspártico da epiderme – ambos desempenhando funções relativas ao tecido epitelial.

Um estudo publicado em 2001, na Revista Nature Immunology, demonstrou que o próprio suor tem um efeito protetor, pois possui um potente agente que combate os germes. Eles denominaram esse gene de “dermicidina” e apontaram que é o primeiro agente antimicrobiano identificado, produzido de maneira permanente pelas células cutâneas humanas.

Estima-se como o valor médio do pH cutâneo em mulheres 5,5. Já nos homens, esse valor é um pouco menor, ficando próximo a 5. O pH também muda de acordo com a área em que se mede seu nível. Na axila, na região genital e entre os dedos, por exemplo, ele costuma ser maior.

Foi verificado que o pH da pele de idosos é maior, ao menos em oito diferentes regiões da pele do rosto e no antebraço, quando comparado ao de peles mais jovens. Por outro lado, imediatamente após o nascimento, o pH da superfície da pele de recém-nascidos é considerado elevado comparado ao de adultos e crianças, sendo em média 7.0 e isso estaria relacionado à defesa.

Também se observou, em um estudo realizado com 330 voluntários, que o pH da superfície da pele do antebraço possui valor médio de 4,7. Como mencionamos, o valor exato do pH da pele é variável de estudo para estudo.

Os produtos cosméticos normalmente assumem que o pH fisiológico está entre 5,0 – 6,0, sendo que esse termo é usado para se referir a um produto que possui um pH próximo do da zona em que é aplicado. Supõe- se que os produtos para aplicação cutânea em geral deveriam ter pH ligeiramente menor do que 5,0 para serem considerados ótimos.

2 O pH e as doenças de pele

Pense na pele como um recorte da paisagem do mundo: há áreas que são como florestas e outras como desertos. Cada região dessa vai ter uma microbiota particular, mas justamente esses locais ressecados ficam mais propensos às inflamações e alergias. Nesses lugares, um ajuste no pH pode sim ser um diferencial.

Outra questão que terá um impacto negativo no equilíbrio do pH da pele se refere às alterações hormonais, como ocorre com a Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP), já que as oscilações nos hormônios costumam causar um aumento na produção de sebo.

Quem tem SOP ou uma pele mais oleosa, ou seja, mais propensa à acne, também precisa saber que se o pH não está em seu ponto ótimo, algumas bactérias terão uma porta de entrada maior na pele, facilitando o aparecimento de cravos e espinhas.

A questão é que algumas bactérias que causam acne se desenvolvem quando encontram um pH entre 6 e 6,5. No entanto, quando o pH é igual a 5,5, elas não conseguem evoluir. Com isso, podemos concluir que o uso de substâncias com pH alcalino aumenta as chances de estarmos proporcionando o ambiente ideal para elas.

Claro que ninguém quer ter um batalhão de bactérias que causam espinhas instalado confortavelmente no rosto. Logo, sabendo que elas têm o avanço inibido em um pH menor do que 6, podemos dar uma forcinha para a nossa pele, com a utilização constante de produtos com pH ácido, uma vez que isso ajudaria na redução do componente inflamatório e prevenção de novas lesões.

Interessante salientarmos, além disso, que o pH é um fator importante na cicatrização de feridas, variando ao longo do reparo dos tecidos. Isso ocorre porque durante o período de cicatrização, e dependendo de como se apresentam as condições da ferida, o ambiente da lesão pode se tornar mais alcalino, o que tem sido associado com machucados que não cicatrizam.

Acompanhe o processo de causa e efeito na pele:

  1. Após uma lesão, a barreira da pele é destruída.
  2. A microcirculação é atingida e há um aumento no valor de pH da superfície da ferida, aproximando-se de um pH neutro (que, como vimos, é 7).
  3. Durante a cicatrização normal de feridas, o pH reduz naturalmente.
  4. Esse ambiente mais ácido, causado pela redução do pH é benéfico, porque dificulta a proliferação bacteriana no chamado “leito da ferida” – a área com dano cutâneo ou tecidual, delimitado pelas bordas de pele normal.
  5. Quando ocorre a adequada cicatrização da ferida, o pH vai diminuindo aos poucos, até alcançar valores parecidos com o da pele íntegra (ou seja, da pele normal, não danificada), conforme a barreira cutânea se recupera.

Seguindo essa mesma linha de raciocínio, quem tiver uma pele seca, sensível, ou doenças como a dermatite atópica (que incomoda especialmente pela coceira e vermelhidão) necessita usar produtos que não interferem na flora cutânea, com um potencial menos prejudicial e irritante.

Podemos acrescentar, ainda, que a melhora da barreira cutânea colabora para a regulação da atividade descamativa da pele, sendo capaz de reduzir a secura.

Com o pH indevido, fica mais fácil desenvolver irritações, infecções, crises de dermatites (inclusive a seborreica, que atinge regiões repletas de glândulas sebáceas e até mesmo a face), sensibilidade, piora da rosácea (doença que provoca vermelhidão e pequenos inchaços com pus no rosto) e piora da acne.

3 Limpando sem alterar o pH

A engrenagem da pele parece ter pensado nos mínimos detalhes, de modo a manter tudo sob controle. Basta imaginar que ela dispõe até mesmo de uma ação de limpeza própria, que acontece como resultado da renovação contínua das células da epiderme (a camada mais superficial).

Os ácidos graxos, componentes da secreção das glândulas sebáceas, têm ação emoliente, ou seja, atuam suavizando a pele e fazendo com que seja mais flexível. Eles também possuem uma moderada propriedade bactericida, o que preserva a pele das infecções, ainda que sejam necessários produtos artificiais para complementarmos o trabalho.

Mas é preciso ir devagar com isso: o uso de água alcalina na pele, assim como sabonetes em barra e produtos de pH mais alcalino podem alterar o pH dela por até 6 horas.

Até o pH dos cabelos é diferente. Os secos, por exemplo, possuem pH mais ácido do que os cabelos normais. Já o pH do couro cabeludo é em torno de 5.5, tal qual a pele em geral.

Fato é que em nosso dia a dia normalmente nem nos damos conta do quanto facilitamos a vida dos agressores externos da pele. Mudanças de temperatura, produtos químicos, poluição, tudo isso vai afetar o PH. Além disso, entra na lista usar água quente demais.

Devemos estar atentos sobretudo ao que passamos no rosto, levando em conta como aquilo pode atingir o estado saudável da pele. Observar o rótulo e a concentração das substâncias já ajuda bastante.

Outro ponto é verificar a parte sensorial do produto aplicado. Que tipo de sensação a formulação utilizada causou em contato com a pele? Qual a impressão deixada no rosto?

Já ficou com aquela sensação de pele repuxando ao fazer uso de um cosmético? Isso acontece quando aplicamos um produto muito alcalino – significa que ele removeu demais a oleosidade, certamente afetou o PH e, por conseguinte, a microbiota. Quando fazemos isso frequentemente, a pele vai ficando opaca, sensível e ressecada.

Nesse sentido, a teoria mais aceita atualmente entre os especialistas é que o emprego repetido dos agentes de limpeza pode alterar o pH da superfície cutânea a longo prazo, ou seja, o pH aumenta com o uso regular de um sabão alcalino e diminui com o uso de um produto ácido.

O sabonete em barra não é o mais adequado para ser usado no rosto

É enorme a variedade de sabonetes, especialmente faciais, que existem em farmácias e mercados, o que parece deixar tudo mais confuso. O mais surpreendente é que existem muitos, e talvez a maioria deles, com um pH elevado.

Primeiramente, é fundamental saber que os sabonetes líquidos ou em espuma geralmente têm um pH bem menor que os daquele em barra, que costuma ser mais alto e alcalino. Por isso, o sabonete em barra é mais indicado para a pele do corpo.

Na forma de gel, o sabonete também costuma ter um pH adequado e não agride a pele durante a limpeza. Mas é tão simples assim? Não, não é. Para ter essa certeza, o fabricante indicará seu pH no rótulo, ou o consumidor precisa pesquisar sobre o produto, ou mesmo entrar em contato com o serviço de atendimento ao cliente.

Já foi demonstrado que o uso de uma emulsão com pH de 3,5 a 4,0, durante 4 semanas, normaliza o pH da pele de pessoas com idade de aproximadamente 80 anos, que apresentavam pH desregulado e comprometimento da função de barreira da pele, como resultado do envelhecimento.

4 O pH na rotina de skincare

Em uma rotina de skincare, ter um pH bem ajustado é um diferencial, à medida que isso vai intensificar a absorção dos cosméticos aplicados. Não por acaso, muita gente que é adepta do uso de camadas com diferentes tipos de produtos, usa um tônico como uma espécie de introdução à rotina, sempre depois de lavar o rosto.

O tônico facial é conhecido por trazer várias vantagens aos cuidados diários com a pele

Há uma enorme variedade de tipos de tônicos no mercado, voltados para essa otimização do pH. Eles aparecem em formulações líquidas e à base de água, tendo o objetivo de manter a hidratação e dar um reforço contra os micro-organismos. Ajudam, ainda, retirando as impurezas, desobstruindo os poros e aprimorando o brilho natural da pele.

Mas não é imprescindível cumprir essa etapa quando se utiliza um sabonete facial que tenha um pH adequado, pois ele já faz essa função. Assim, é importante saber acerca do potencial hidrogeniônico do limpador que se está utilizando.

Um outro ponto que deve ser questionado quando se tem o hábito de cuidar da pele é acerca dos cosméticos, já que alguns possuem um pH bastante ácido e juntos eles podem ser esfoliantes demais. Confira o pH estimado de alguns deles:

Cosmético pH aproximado
Ácido retinoico de 3,0 a 4,5
Alfa-arbutim de 5,0 a 8,0
Ácido kójico de 3,0 a 5,0
Hidroquinona de 3,0 a 4,0
Azeloglicina de 5,5 a 6,5
Ácido azeláico menor que 4

Não custa enfatizar que o uso de produtos de skincare em excesso, principalmente os que não são adequados ao seu tipo de pele, também pode causar irritações e afetar o pH. Dessa maneira, é fundamental termos essa preocupação com as formulações, fazendo uma seleção criteriosa do que utilizamos no rosto, afinal trata-se da nossa apresentação para o mundo.

Quanto mais compreendemos a estrutura, o funcionamento e a composição do maior órgão do corpo, mais elementos temos para melhorar os cuidados com a pele, garantindo, assim, uma boa experiência em relação aos resultados alcançados, sem deixar de lado o respeito à pele e às suas necessidades.

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Sobre a autora - Patricia Amorim: Mãe de Joana, de Eduardo e de Melissa com um total de 7 anos de experiência em tentativas para engravidar. Ela é a idealizadora da marca Famivita e de um dos maiores portais de maternidade do Brasil, o Trocando Fraldas, que conta mais de 3 milhões usuárias mensais. Seu canal do YouTube possui mais de 250 mil inscritas.