Pré-natal: por que é importante

  • Revisado por
    Patricia Amorim
    Idealizadora da Famivita


O acompanhamento pré-natal é essencial para a gestação e, independente de você ser atendida pelo SUS, plano de saúde ou particular, esse acompanhamento deve ser feito com muito cuidado e atenção.

É durante o pré-natal é que são identificados problemas na saúde da mãe e do bebê, como diabetes gestacional, placenta prévia e hipertensão gestacional – a maior causa de morte materna no Brasil.

Somente o cuidado pré-natal de qualidade pode identificar e prevenir situações que representam riscos para você e seu bebê e, assim, reduzir as internações em UTI, parto cirúrgico, pré-eclâmpsia, indução e parto prematuro.

Nesse artigo vamos cobrir os pontos mais importantes de um pré-natal de qualidade para que você saiba o que precisa ser acompanhado, solicitado e, dessa forma, ter a assistência e cuidado que você e seu bebê merecem.

Iniciando o pré-natal
Acompanhamento pré-natal
Violência obstétrica no pré-natal

1 – Iniciando o pré-natal

O primeiro passo ao descobrir a gestação é iniciar o pré-natal. Quanto mais cedo você começar, melhor. Para isso, basta ir à UBS (Unidade Básica de Saúde) mais próxima da sua casa e notificar a gestação. Dessa forma, você vai ser encaminhada para o acompanhamento pré-natal pelo SUS.

Caso você possua plano de saúde ou faça acompanhamento particular, agende uma consulta com sua Ginecologista Obstetra de sua preferência.

SUS x Privado

No Brasil, temos o mito de que tudo o que é público é ruim e o que é particular é bom, principalmente no que diz respeito ao atendimento em saúde. Porém, a verdade é que, independente de onde você seja atendida, seu pré-natal pode ser excelente, completo e humanizado, ou então superficial e negligenciado.

Por esse motivo, é fundamental que você tenha conhecimento o suficiente para reconhecer se está sendo bem atendida, ou solicitar a troca do acompanhamento e buscar outro profissional.

Como é dividido o acompanhamento da gestação?

Cada momento de uma gestação exige cuidados específicos, dependendo do que está acontecendo. Por esse motivo, dividimos a gravidez em três trimestres, ou seja, três períodos de três meses.

Normalmente, as pessoas pensam que uma gestação dura nove meses, mas essa contagem de tempo pode não ser bem verdade. Uma gravidez de risco habitual pode durar entre 37 e 42 semanas, ou seja entre 8 e quase 10 meses.

Além disso, o desenvolvimento fetal é controlado por semana. Por isso, não devemos nos guiar por meses, mas sim por essas semanas e trimestres.

A divisão de trimestres é feita da seguinte forma:

  • Primeiro Trimestre: data da última menstruação até 13 semanas e 2 dias
  • Segundo Trimestre: 13 semanas e 3 dias até 26 semanas e 4 dias
  • Terceiro Trimestre: 26 semanas e 5 dias até o nascimento

A frequência das consultas em cada trimestre deve ser:

  • 1º TRIMESTRE: consulta mensal
  • 2º TRIMESTRE: consulta mensal
  • 3º TRIMESTRE: consulta mensal (até 28 semanas), consulta quinzenal (30 a 36 semanas) e consulta semanal (37 semanas até o nascimento)

Quais profissionais podem acompanhar você?

O acompanhamento pré-natal pode ser feito tanto por uma enfermeira obstetra (EO), quanto por um ginecologista obstetra (GO) ou mesmo uma enfermeira generalista. Qualquer um desses profissionais é qualificado e apto a acompanhar o pré-natal de risco habitual.

Contudo, se sua gestação deixar de ser de risco habitual e passar a ser de alto risco, seu acompanhamento deverá, necessariamente, ser feito por um obstetra.

Caderneta da Gestante

A caderneta da gestante, também conhecida como carteira da gestante, é o primeiro documento que você deve receber ao iniciar o seu pré-natal. Nela, serão anotados os seus dados e informações de saúde como pressão, data provável de parto, peso, altura, resultados de exames, etc.

Esse é o documento mais importante da sua gestação. Sempre leve-o em consultas de rotina, idas ao hospital e, é claro, no dia do parto.

Não existe um modelo definido para esse documento; então, dependendo de onde você vá realizar seu pré-natal, ela provavelmente vai ser diferente do que alguma conhecida sua recebeu. O único modelo único que temos padronizado é oferecido pelo SUS. Assim, caso você não simpatize muito com a carteirinha que recebeu do seu médico, o modelo do SUS está disponível para download aqui.

2 – Acompanhamento pré-natal

Existem muitos detalhes em um acompanhamento pré-natal. Então, é sempre fácil ficarmos perdidas e confusas com a quantidade de informações e exames que recebemos. Por inúmeros motivos, pode ser que algumas informações acabem passando despercebidas pela equipe também. Por isso, é importante ter uma noção mínima do que deve acontecer durante o pré-natal.

Uma ótima maneira de evitar que problemas aconteçam no pré-natal é envolver sua família no processo, principalmente a pessoa que vai te acompanhar no parto!.

A participação da pessoa que vai te acompanhar durante o parto no pré-natal é muito importante

O pré-natal que você vai receber vai depender de muitos fatores, e um deles é se a gestação é considerada de risco habitual, ou de alto risco. Como falamos antes, a gestação de alto risco deve necessariamente ser acompanhada por um médico obstetra, uma vez que possui mais particularidades e exige mais cuidados.

São consideradas gestantes de alto risco aquelas que apresentam:

  • Diabetes Gestacional
  • Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS)
  • Problemas cardíacos
  • Problemas pulmonares graves
  • Nefropatias graves
  • Endocrinopatias
  • Doenças hematológicas,
  • doenças neurológicas ou psiquiátricas,
  • Doenças autoimunes
  • Alterações genéticas maternas
  • Antecedente de trombose venosa profunda /embolia pulmonar
  • Ginecopatias
  • Doenças infecciosas
  • Hanseníase
  • Tuberculose
  • Uso de drogas lícitas e ilícitas
  • Patologias clínicas que necessitem acompanhamento especializado
  • Fatores relacionados à vida reprodutiva prévia e fatores relacionados à gestação atual

IMPORTANTE: Uma gestação de alto risco não necessita, obrigatoriamente, de uma cesariana. Na verdade, a maior parte dessas condições tem o risco aumentado quando a mãe é submetida a uma cirurgia.

Quais exames devem ser feitos nas consultas de rotina?

A primeira consulta de pré-natal é uma das mais importantes. Nela, o profissional responsável deve buscar conhecer você ao máximo, elaborar um bom histórico de saúde e perfil sócio-econômico. É fundamental que o seu pré-natal atenda às suas necessidades individuais.

Em sua primeira consulta, você deve ser perguntada sobre:

  • Data da última menstruação (DUM)
  • Regularidade dos ciclos
  • Uso de contraceptivos
  • Intercorrências obstétricas, clínicas e cirúrgicas
  • Detalhes de gestações anteriores
  • Problemas de saúde anteriores
  • Histórico de IST
  • Profissão (verificar exposições que possam trazer riscos)
  • Histórico pessoal e familiar de doenças genéticas
  • Vacinação
  • Outros detalhes que achar pertinente

Além disso, nessa mesma consulta é fundamental que os seguintes procedimentos sejam realizados:

  • Aferição de pressão (em todas as consultas)
  • Cálculo do IMC
  • Avaliação de mucosas, tireoide e mamas
  • Avaliação do coração, pulmões, abdome e extremidades
  • Cálculo da DPP (data provável de parto) com base na última menstruação ou ultrassom (se já tiver)

Exames laboratoriais obrigatórios no pré-natal

Ao longo do pré-natal serão necessários alguns exames laboratoriais. São tantos nomes e siglas que, na maioria das vezes, nem sabemos para que servem. Para você não se perder, listamos abaixo todos os exames que devem ser solicitados e em qual momento você deve realizá-los. Assim, se o responsável pelo seu pré-natal esquecer de solicitar, você pode pedir a ele a requisição.

1º Trimestre
Obrigatórios Não obrigatórios
  • Hemograma
  • Toxoplasmose IgG e IgM
  • Sorologia para Hepatite B (HbsAg)
  • Exame de Urina e Urocultura
  • Tipagem Sanguínea e Fator Rh
  • Triagem para sífilis e/ou VDRL/RPR
  • Teste rápido de diagnóstico Anti-HIV
  • Anti-HIV
  • Ultrassonografia obstétrica para determinar Idade Gestacional
  • Citopatológico de colo do útero
  • Exame da secreção vaginal
  • Parasitológico de Fezes
  • Eletroforese de hemoglobina (se a gestante for negra, tiver antecedentes familiares de anemia falciforme ou apresentar histórico de anemia crônica)
2º Trimestre
  • Verificação do Calendário de Vacinação
  • Hemograma
  • Urina e Urocultura
  • Triagem para sífilis e/ou VDRL/RPR
  • Coombs Indireto (se for Rh negativo)
  • Rastreio para Diabetes Gestacional entre 24 e 28 semanas (se ainda não foi feito diagnóstico)
3º Trimestre
  • Hemograma
  • Triagem para sífilis e/ou VDRL/RPR
  • Toxoplasmose IgM e IgG;
  • Teste rápido diagnóstico anti-HIV
  • Anti-HIV
  • Coombs indireto (se for Rh negativo)
  • Glicemia de jejum
  • Sorologia para hepatite B (HbsAg)
  • Exame de urina e urocultura

Fale de Parto

O nascimento é um dos momentos mais importantes na vida de um ser humano e, diferentemente do que muitas pessoas pensam, a maneira que isso acontece importa e muito. Durante o trabalho de parto eventos fisiológicos muito importantes ocorrem, como o amadurecimento dos pulmões do bebê e reforço do sistema imunológico.

No início do pré-natal, a maior parte das gestantes tem o desejo de ter um parto normal, mas a maioria vai acabar em uma cesariana eletiva (sem necessidade). Se você é uma dessas mulheres que deseja o parto normal, não deixe esse assunto para o final do pré-natal e fale de parto desde a primeira consulta.

3 – Violência obstétrica no pré-natal

Infelizmente, vivemos em um país em que a violência obstétrica é realidade. Ela possui muitas faces e, muitas vezes, não percebemos que estamos sendo vítimas. Muitos profissionais, inclusive, não sabem que a estão praticando.

Conheça algumas das violências mais comuns durante o pré-natal.

Negligência e violência contra a mulher

Uma das violências mais comuns à gestante, a negligência é uma realidade nas redes públicas e privadas. Ela pode ocorrer das seguintes formas:

  • O profissional te acompanhando não te faz muitas perguntas e/ou não realiza os exames de rotina
  • Não solicita exames de rotina e complementares
  • Não busca compreender sua realidade
  • Não afere sua pressão em todas as consultas
  • Não faz o rastreio de Diabetes Gestacional
  • Não te encaminha para o pré-natal de risco
  • Não responde suas dúvidas
  • Não permite entrada do seu acompanhante nas consultas
  • Fala coisas que fazem você se sentir humilhada, envergonhada ou questiona suas decisões
  • Não fala sobre parto, puerpério e amamentação
  • Realiza exame de toque em todas as consultas
  • Não te permite ver o bebê durante o ultrassom
  • Diminui suas reclamações, dúvidas e ansiedades
  • Omite informações

Como denunciar

Você pode denunciar esses profissionais entrando em contato com as secretarias Municipais, Estaduais ou Distritais, ao Conselho Regional de Medicina (CRM) ou ao Conselho Regional de Enfermagem (Coren), pela ouvidoria do seu plano de saúde, ouvidoria do SUS ou pela Central de Atendimento à mulher pelo telefone 180.

A assistência obstétrica no Brasil ainda pode ser desatualizada e precária, sobretudo no SUS, onde as equipes estão sobrecarregadas e, muitas vezes, falta orçamento. Por esses e outros motivos, é muito importante que você e a pessoa que está ao seu lado neste momento, busque, questione e procure outras opiniões, caso o atendimento não seja satisfatório.

Aproveite a gestação para se preparar para o parto e puerpério.

Um acompanhamento pré-natal de baixa qualidade é a maior causa de problemas na gestação, parto e puerpério. Alguns desses problemas podem levar à morte materna e fetal. Não entregue a responsabilidade pela sua saúde e segurança integralmente nas mãos de outra pessoa. Faça sua parte e mantenha-se informada!

Sobre a marca: A Famivita reinventa e abre caminhos para chegar à gravidez sem necessidade de recorrer a tratamentos complexos e caros. Todos os produtos são desenvolvidos em conjunto com especialistas em fertilidade, médicos e as próprias mães, tendo o devido reconhecimento perante a Anvisa. Você pode encontrar todos os produtos Famivita aqui e pode verificar histórias reais e de sucesso de mulheres que conseguiram engravidar usando os nossos produtos aqui.

Sobre a autora - Patricia Amorim: Mãe de Joana, de Eduardo e de Melissa com um total de 7 anos de experiência em tentativas para engravidar. Ela é a idealizadora da marca Famivita e de um dos maiores portais de maternidade do Brasil, o Trocando Fraldas, que conta mais de 3 milhões usuárias mensais. Seu canal do YouTube possui mais de 250 mil inscritas.