Junho de 2023, estudo feito pela Famivita com mais de 2.500 mulheres entre 12 e 18 de abril de 2023: Os contraceptivos hormonais podem ser considerados um dos medicamentos mais importantes, desde seu surgimento, na década de 1960, com a pílula. Sua difusão trouxe inúmeras transformações no campo social, político, cultural, médico, industrial e comercial no mundo inteiro. Mudanças radicais adviriam dela, especialmente em se tratando da saúde da mulher, dos padrões reprodutivos, sexuais e relacionados ao estilo de vida das usuárias e da população em geral. Especialmente pela liberdade de escolha que proporciona, ela foi enxergada como um símbolo da revolução feminina.

Tais métodos de evitar a gravidez funcionam à base de formas sintéticas dos hormônios estrogênio e progesterona. Alguns desses modos de impedir a gestação combinam os dois hormônios, enquanto outros têm apenas o último. Ao longo do tempo, essa utilização só evoluiu e na atualidade conta com amplas formas de uso: os contraceptivos hormonais podem ser tomados, injetados, inseridos na vagina, aplicados à pele ou implantados sob ela, agindo, por exemplo, inibindo a ovulação, ao impedir a liberação do óvulo pelos ovários para que não seja fecundado, e/ou engrossando o muco do colo do útero, o que dificulta a chegada do espermatozoide ao local.


Popularidade

Ao serem lançados, os contraceptivos hormonais se propagaram rapidamente. A pílula, por exemplo, tornou-se muito popular, sendo prescrita por ginecologistas, vendida nas farmácias e até distribuída gratuitamente por entidades de planejamento familiar, como a Sociedade Bem-Estar da Família (Bemfam), fundada no Brasil em 1965, poucos anos depois da chegada do medicamento. E, em nosso estudo, 56% das mulheres afirmaram já terem usado um contraceptivo hormonal.

  • Principalmente as mulheres dos 30 aos 34 anos informaram estar utilizando ou já terem usado um contraceptivo hormonal, com 63%
  • A aceitação é menor entre as mulheres mais jovens dos 18 aos 24 anos, onde apenas 52% já fizeram uso

Controvérsias e efeitos colaterais

Também desde que surgiram, contudo, os contraceptivos hormonais dividem opiniões sendo normalmente sugerido seu uso através de orientação médica, já que ao introduzir hormônios sintéticos no organismo, eles podem influenciar os processos corporais de diversas maneiras. A ideia, assim, é que seja monitorada essa ferramenta de controle de natalidade, observando os sintomas físicos e emocionais que resultam dela, para que a usuária saiba determinar se o contraceptivo hormonal é o mais indicado ao seu caso. E, pertinente ao tema, em nosso mais recente estudo, 63% das mulheres relataram já terem tido um efeito colateral indesejado ao optarem por esse tipo de medicação.

Você já teve um efeito colateral indesejado devido ao uso do contraceptivo hormonal?

  • Especialmente as mulheres dos 18 aos 29 anos afirmaram terem tido algum efeito colateral com contraceptivos hormonais, com 66% respondendo positivamente.
  • Já dos 34 aos 39 anos, 51% relataram haver tido esse efeito indesejado.

O outro lado

Como qualquer outra medicação, contraceptivos hormonais podem ocasionar efeitos adversos. Alterações no metabolismo, se vinculados a hábitos sedentários; tromboembolismo (quando um coágulo se forma na circulação sanguínea, prejudicando o fluxo de sangue nas veias pelo organismo); doenças cardiovasculares; assim como alterações no sistema de coagulação, podem estar associados, em alguns casos, à utilização deles. Já no que trata das contraindicações, entre algumas delas estão a hipertensão, tabagismo, doenças hormonais, e predisposição à trombose.

E, na busca por alternativas, muitas mulheres escolhem contraceptivos não hormonais, inclusive, em nosso estudo, 59% delas responderam preferi-los. Interessante ressaltar que uma boa parte deles se refere ao conhecimento do próprio corpo e do ciclo menstrual, a exemplo do método de Billings, em que se observa o muco cervical para saber o período da ovulação, ou o sintotérmico, que reúne um conjunto de características, como a temperatura e sensibilidade mamária para determinar a janela fértil. Outras dessas maneiras dizem respeito ao DIU de cobre ou prata e métodos de barreira, como preservativo e diafragma.

Você prefere ou preferiria métodos contraceptivos não hormonais (por exemplo, camisinha ou DIU de cobre) a métodos hormonais?

  • 65% das mulheres dos 30 aos 34 anos explicaram preferir métodos contraceptivos não hormonais
  • Já em relação às mulheres dos 18 aos 24 anos, esse número foi de 60%
  • Entre as mulheres que já usaram contraceptivos hormonais, 66% enfatizaram a preferência por métodos não hormonais, contra 51% das que nunca usaram
  • Entre as mulheres que relataram a ocorrência de efeitos colaterais de um método contraceptivo hormonal, 73% prefeririam usar apenas métodos não hormonais agora, contra 54% das que disseram não terem tido nenhum efeito indesejado.

Ranking dos estados em que as participantes revelaram preferir contraceptivos não hormonais

  • 1.Roraima
  • 2.Distrito Federal
  • 3.Goiás
  • 4.Amapá
  • 5.Tocantins
  • 6.Pará
  • 7.Paraná
  • 8.Mato Grosso
  • 9.Pernambuco
  • 10.Amazonas
  • 11. Rio Grande do Norte
  • 12.Bahia
  • 13. Mato Grosso do Sul
  • 14. São Paulo
  • 15. Rio de Janeiro
  • 16.Maranhão
  • 17. Ceará
  • 18.Sergipe
  • 19.Minas Gerais
  • 20.Piauí
  • 21.Rio Grande do Sul
  • 22.Paraíba
  • 23.Alagoas
  • 24.Santa Catarina
  • 25.Espírito Santo
  • 26.Rondônia
  • 27.Acre

Índice dos estados em que as entrevistadas já usaram contraceptivo hormonal


Método de Pesquisa

O estudo teve abrangência nacional e foi realizado com mais de 2.500 mulheres entre 12 e 18 de abril de 2023. O método de coleta de dados foi feito por meio de questionário em formulário na internet.

As seguintes questões foram abordadas:

  • Você está usando ou chegou a usar um contraceptivo hormonal?
  • Você teve algum efeito colateral indesejado pelo uso desse contraceptivo?
  • Você prefere ou preferiria métodos contraceptivos não hormonais (por exemplo, camisinha ou DIU de cobre) a métodos hormonais?

Para efeitos de comparar os resultados entre regiões e estados, as respostas das perguntas afirmativas foram contabilizadas em números, 1 para “sim” e 0 para “não”. Algumas perguntas, com objetivo de obter resultados mais qualitativos, foram elaboradas com mais opções.