Sempre vemos em filmes, novelas ou mesmo com uma amiga ou parente próximo, que a bolsa estourou e pronto, se deu início o trabalho de parto. Mas nem sempre as coisas acontecem conforme o esperado. Algumas surpresas podem acontecer, e uma delas é a bolsa rota1.

O que é a bolsa rota?

Primeiro vou explicar o que é a bolsa amniótica. Na gravidez, o feto fica envolvido em uma membrana dentro do útero que contém um líquido produzido pelo próprio feto. Esse líquido protege o bebê de impactos e possíveis problemas com infecções. E é nele que o bebê cresce e se desenvolve com a nutrição da placenta.

A bolsa rota é em muitos casos sorrateira. Ela pode deixar escapar todo o líquido amniótico sem que a mulher perceba que esse é o motivo de tanta umidade vaginal. Muitas vezes, a mamãe de primeira viagem pode se queixar para o obstetra e esse dizer que é normal essa umidade. Porém, é necessário que haja uma atitude por parte do médico.

O ideal é que investigue a umidade em caso de ela ser elevada a ponto de molhar a roupa, como era o meu caso. A bolsa rota pode facilitar a penetração de bactérias, que são a causa de infecções no feto e consequentemente na mamãe, ou pode ser o contrário. A mamãe que já possui algum tipo de infecção pode passar isso para o bebê. Mesmo que nem sempre o rompimento da bolsa signifique um nascimento imediato, ao menor sinal de rompimento, por menor que seja a fissura, busque as orientações de um médico.

Como identificar a bolsa rota?

Quando eu estava com 34 semanas de gestação, comecei a me sentir úmida demais! Comentei com meu obstetra e ele disse que era perfeitamente normal. Apesar dos sintomas, o exame no consultório não mostrou vazamento da bolsa amniótica. Com muita insistência da minha parte, ele acabou pedindo um ultrassom , e foi descoberta apenas com 35 semanas que eu estava realmente com líquido diminuído (e muito) e também a presença da bolsa rota.

Mas aí já era tarde, não sei como não houve uma consequência muito pior. Por isso é importante ficar alerta aos sinais de bolsa rota2 e se houver 2 ou mais sintomas é importantíssimo falar com seu obstetra.

Sinais de bolsa rota

  • Umidade em excesso
  • Baixa no líquido amniótico
  • Abaixamento repentino da barriga

Como tratar bolsa rota

A bolsa rota pode ou não ser com presença de trabalho de parto em si, e ela deve ser tratada com antibióticos caso o prazo para o parto acontecer seja além de 24 horas. Aliás, qualquer caso com bolsa rota ou rompimento total não deve passar de 24 horas para ser tratado a fim de prevenir infecção.

Casos mais graves

O risco de infecção pode ser mais grave em casos de pouco tempo gestacional como 24, 25 semanas por exemplo. Embora ela possa acontecer em qualquer época da gravidez, ainda é muito cedo para que o bebê nasça. Afinal, são 6 meses ainda de gestação. Nesses casos, o risco do bebê ficar dentro da barriga da mãe por muito mais tempo do que o limite pode se agravar com as infecções, já que é ainda muito pequeno e frágil.

Bolsa rota no final da gravidez

Bolsa rota também pode acontecer no final da gravidez, mas aí o caso se torna mais simples. A antecipação do parto não é necessariamente um problema como são os casos de bebês prematuros. Enfim, umidade demais na calcinha, que chega a ultrapassar e molhar muito a calça ou pernas, podem ser bolsa rota e deve ser reportada aos seu obstetra sempre! Veja a seguir um parecer do Dr Jaime Filho Ginecologista Obstetra sobre a bolsa rota.

Tirando dúvidas com Dr. Jaime

Famivita: Dr Jaime, quanto tempo a bolsa pode ficar rota? Não digo romper e sair toda a água, mas sim ficar vazando. Mesmo prematuro, o parto tem que acontecer com um mínimo de vazamento?

Dr Jaime: Bolsa rota, ou amniorrexe, é o termo que se usa para a ruptura espontânea da bolsa amniótica, que pode acontecer antes ou durante o trabalho de parto. Quando acontece antes do trabalho de parto, chamamos de Amniorrexe Prematura3, independente da idade gestacional. O tempo que a bolsa pode ficar rota depende muito do quadro clínico e idade gestacional, já que após 37 semanas a conduta é a realização do parto (indução de trabalho de parto ou cesariana, dependendo do caso).

Entretanto, se a gestação ainda é prematura (menor que 37 semanas), e afastando-se outras complicações, opta-se pela conduta expectante. Ou seja, aguardar ao menos a proximidade com 37 semanas. Por exemplo, se a bolsa rompe numa gestação de 32 semanas, e constatando-se que não há infecção materna, sofrimento fetal ou outras alterações, deve-se manter a gestação pelo máximo tempo possível até 36-37 semanas.

Na gestação, o tempo de bolsa rota possível é variável, e pode ficar até semanas (claro, controlando sinais e sintomas de infecção e de sofrimento fetal) com esse diagnóstico sem problemas. O tempo também varia, e é muito comum as pacientes chegarem ao pronto-socorro correndo, desesperadas, achando que já está nascendo. Caso ocorra a ruptura da bolsa, a paciente deve procurar o pronto-socorro, porém, sem desespero. Como disse, a bolsa pode permanecer rota por semanas, e assim há tempo suficiente para chegar ao hospital.

No meu caso, a Joana estava quase a termo, mas ainda era um pouco cedo para nascer. Ela nasceu com 36 semanas de gravidez, pesando 2.930kg e 45 cm, e teve que ficar internada por 10 dias com problemas de infecção pulmonar devido a bolsa rota não ter sido tratada com antibióticos como deveria acontecer pois eu estava com uma infecção bem alta. Foi um baita susto! Fique de olho.