Quando a mulher engravida, muitas mudanças começam a acontecer. Depois do nascimento do seu filho, uma série de novas outras mudanças também ocorrem. A readaptação do corpo pós-resguardo é lenta, mas não como na gravidez, que leva até 9 meses para acontecer.

Dessa vez, o corpo pede pelo menos 40 dias para voltar a mesma condição que estava antes de engravidar. Porém, há mulheres que retomam a vida sexual mesmo ainda dentro desse prazo de resguardo, e existem alguns casos em que uma gravidez no resguardo pode sim acontecer.

Reestruturação dos hormônios

Logo após o parto, a mulher começa a reestruturar seus hormônios; Todos os hormônios que estavam alteradíssimos por conta da gravidez começam a se readequar e chegar aos níveis normais. Essa alteração hormonal pode acontecer mais lentamente ou mais rapidamente. Isso vai depender do organismo da parturiente.

Porém, o corpo pode pregar peças e fazer com que a mulher ovule mais cedo do que ela esperava1. Normalmente, o prazo para voltar a ovular normalmente é de 45, 50 dias. No entanto, há casos de gravidez no resguardo aconteceram com 30 dias ou acima deste prazo. Sem perceber, e até mesmo amamentando, a mulher pode ovular. Então a gravidez no resguardo pode acontecer caso ela tenha relações sexuais desprotegidas.

Prevenção no sexo

O ideal seria retomar as atividades sexuais já com a medicação contraceptiva, justamente para evitar que a mulher possa engravidar no resguardo. Isso resulta em uma gravidez relativamente precoce passível de alguns riscos.

Após o parto, o útero da mulher ainda possui pequenas feridinhas onde estava colada a placenta. Essas feridas podem não cicatrizar perfeitamente se as atividades sexuais começarem antes do tempo. E também, se houver uma gravidez no resguardo, não haverá tempo necessário para que elas se curem completamente, o que as deixam expostas a infecções. Sem contar que, se for uma gravidez após uma cesárea, existe a recuperação dos cortes do útero e tecidos da pele. A cesárea é uma cirurgia, não se esqueça disso2. Bom, mas como fazer então?

É comum engravidar no resguardo?

Conversar com o médico obstetra é fundamental. Nesse momento de readaptação, toda ajuda profissional é essencial. O ideal seria não engravidar no resguardo. No entanto, pode sim acontecer e nesses casos o médico vai fazer um acompanhamento mais de perto. Tudo também vai depender da capacidade de recuperação da mulher. Porém, é melhor pecar pelo excesso de cuidados do que pela falta dos mesmos.

Existem implantes anticoncepcionais que são a base de progesterona. Eles são apropriados mesmo se a mulher ainda amamenta e podem ser colocados logo após o parto para prevenir uma possível gravidez no resguardo3. Por isso, se você pretende ter relações mesmo antes do resguardo acabar, o melhor passo é sim falar com um médico para que ele oriente qual a melhor forma de prevenir para que não engravide no resguardo.

Eu engravidei no resguardo – Juliana conta como foi sua experiência

Juliana, uma paulista de 33 anos, passou pela gravidez ainda no resguardo e deu seu breve depoimento.

“Tive algumas dificuldades para engravidar, demorei 3 anos para conseguir. Quando estava grávida da Fernanda, minha mãe sempre me falava para tomar cuidado depois do parto, para cumprir os 40 dias de dieta. Só que fiquei muito tempo sem ter relação durante a gravidez, tivemos que ter abstinência sexual total por conta de risco da bebê nascer prematura.

Meu marido e eu estávamos com muita saudade um do outro (ele mais do que eu) e acabei cedendo as suas vontades. Estava com 35 dias de dieta quando começamos a ter relações. Eu não tomava nada porque pensava que amamentando eu não engravidaria e foi quando meu bebê estava com quase 2 meses que passei a desconfiar de uma possível gravidez.

Conversei com o obstetra que fez meu parto e ele pediu uma ultrassom e alguns exames, dentre eles o beta. Fiz e o resultado me assustou, estava com mais de 3 mil de hormônio HCG. Ele disse que poderia ser do parto anterior então me orientou a repetir o exame em uma semana.

Eu fiz e deu mais de 9 mil. Estava mesmo grávida e a gravidez foi cercada de cuidados, mas meu filho Enzo nasceu com 39 semanas de gravidez. O médico me orientou a fazer a cesariana por segurança, já que eu não poderia entrar em trabalho de parto por conta do pouco tempo entre uma gravidez e outra. Fernanda nasceu no dia 19 de julho e Enzo nasceu no dia 19 de junho do ano seguinte. Hoje eles têm 7 e 6 anos e são a alegria da minha vida.”

Comportamento

Engravidar no resguardo pode ser visto como loucura e não só do ponto de vista médico, mas sim como dar conta de dois bebês? A sociedade pode apontar o dedo para mulher que engravidou no resguardo. Isso porque a cultura da abstinência total durante a quarentena era muito mais forte antigamente, ou pelo menos as mulheres não admitiam ter relações antes desse prazo. Para os antigos a recuperação pós parto era cercada de mitos e tradições que hoje são muito bem explicadas pela medicina.

O fato é que por mais que a mulher já tenha outros filhos, a gravidez no resguardo pode tirar o colo do filho que acaba de chegar, muito antes do tempo. E a sensação de “abandonar” o bebê que chegou somente alguns meses antes pode ser um peso para a mamãe e o medo de não conseguir dar conta pode assustar e deixar ainda mais apreensiva.

A readaptação é essencial, e ter um tempo para conhecer seu bebê e tão importante…  Porém, se a gravidez no resguardo acontecer a mamãe tem sim força e amor suficiente para conseguir ultrapassar essa fase com muito carinho e dedicação. Na dúvida peça ajuda ao seu médico de confiança e siga todas as orientações, pois são muito importantes nesse momento.

A compreensão do companheiro é fundamental. Se ele está com dificuldades de entender a situação e o momento, uma boa conversa pode ajudar. E um ditado popular que cabe completamente nessa situação: “Deus não dá o frio maior do que o seu cobertor possa aguentar.”

Até a próxima!

Veja também: Cuidados Pós Parto – Relação Sexual Pós ou Durante Resguardo

Foto: Johannes Jander