Janeiro de 2024, estudo feito pela Famivita com 2.500 participantes entre 11 e 25 de setembro de 2023: As últimas décadas do século XX foram marcadas por uma série de mudanças nas práticas e papéis sociais, atingindo várias esferas que compõem o cotidiano. Uma delas foi a família: não por acaso, é comum nos dias de hoje escutarmos as pessoas dizerem que antigamente era mais fácil a criação dos filhos. Especialmente aquelas mães que vêm das gerações anteriores comentam as diferenças entre ter uma criança na atualidade e no passado.

Muitos são os questionamentos feitos sobre a criação dos filhos na contemporaneidade e entre os fatores contrastantes entre "o hoje e o ontem", podem ser citados maiores índices de violência, assim como a maior carga de trabalho, sendo que muitas mulheres ainda não haviam adentrado o mercado profissional também. Outro aspecto frequente, com o qual é necessário lidar, diz respeito à tecnologia e a exposição excessiva dos pequenos a ela, que costuma entrar nos lares muito cedo.

Além disso, como apontam especialistas, acontece igualmente de haver uma cobrança excessiva às mães, tanto da parte das pessoas como vinda delas mesmas, em relação à criação que estão dando aos filhos, já que hoje existem tantos métodos e até mesmo manuais para isso, conferindo uma espécie de "busca por resultados" — o que consequentemente traz mais ansiedade e insegurança a elas. A lista do que deve ser feito para uma mulher ser considerada uma boa mãe pode ser grande e não é incomum encontrarmos na internet modelos prontos para isso. Pertinente ao assunto, em nosso último estudo, 58% das mulheres disseram considerar que há 10 anos atrás era mais fácil ter filhos.

Você diria que foi mais fácil ter filhos há 10 anos atrás do que agora?

  • Especialmente na faixa etária dos 35 aos 39 anos e dos 40 aos 44 anos, elas disseram que sim, era mais fácil no passado, com 71%.
  • Entre os homens, 44% afirmaram também crer que foi mais fácil para as gerações anteriores.
  • 65% das mulheres com filhos destacaram isso, contra 48% das mulhere sem filhos.
  • 58% das gestantes também apontaram que na atualidade é mais difícil ter filhos.

A tarefa mais difícil

Em meio às dificuldades presentes quando se fala em ter filhos na sociedade atual, conciliar o trabalho e as crianças continua sendo apontado como uma das tarefas mais difíceis para elas. A rotina corrida é a maior queixa das mães, que também não se sentem valorizadas pela dedicação ao cuidado com os filhos.

Uma pesquisa recente feita pelo aplicativo Peanut nos Estados Unidos e no Reino Unido revelou que esse sentimento de falta de reconhecimento é quase unânime entre todas que já tiveram filhos. Das 3.615 mulheres que participaram da pesquisa, 95% dizem se sentir desprestigiadas e "invisíveis" na sociedade.

Já no Brasil, um estudo feito pela FGV Ibre (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas), sobre a chamada "economia do cuidado", mostrou que 65% do trabalho doméstico, o que inclui o cuidado com os filhos e com idosos, é feito por mulheres. O assunto gerou vários debates, vindo a ser também o tema da redação do Enem de 2023. E afim ao tópico, 71% das participantes do nosso estudo afirmaram que consideram difícil cuidar de casa, filhos e trabalho ao mesmo tempo hoje em dia.

Você considera difícil cuidar de casa, filhos e trabalho ao mesmo tempo hoje em dia?

  • Especialmente a faixa etária dos 35 aos 39 anos, respondeu positivamente acerca disso, com 77%.
  • Em seguida, vieram aquelas dos 25 aos 29 anos, com 76%.
  • Entre os homens, 66% também disseram que essa conciliação é difícil.

De onde a ajuda deve vir?

Ao tornarem-se mães, as mulheres recebem uma nova função — por vezes, se elas não contam com ajuda, de fato, na criação dos filhos, é como se fosse um "novo cargo", só que não remunerado. Para além disso, no mundo do trabalho, a mulher-mãe precisa ser boa profissional. E em nosso estudo perguntamos quem poderia melhorar a situação nesse sentido, para haver uma conciliação maior entre a família, a casa e o ofício. Conforme 38% das integrantes da pesquisa, essa responsabilidade seria do governo, sendo que 25% delas afirmaram que isso caberia à família, 19% aos empregadores, 13% responderam que a outros e 6% disseram que a ninguém.

  • Entre as participantes que responderam que caberia ao governo auxiliar nessa conciliação, tal parcela se concentrou nos 30 aos 34 anos, com 40% delas.
  • Além disso, 39% das mulheres responderam que seria o governo, contra 28% dos homens.
  • Entre as participantes que responderam caber à família, a maioria se concentrou na faixa etária dos 25 aos 29 anos, com 25%.
  • Entre aquelas que responderam "empregadores", 25%delas estão na idade entre os 35 e 39 anos, com 25%.

Ranking dos Estados em que participantes afirmaram ser difícil cuidar da casa, filho e trabalho, nos dias atuais

  • 1.Tocantins
  • 2.Rondônia
  • 3.Roraima
  • 4.Rio Grande do Norte
  • 5.Piauí
  • 6.Alagoas
  • 7.Rio Grande do Sul
  • 8.Mato Grosso do Sul
  • 9.Amazonas
  • 10.Pernambuco
  • 11.Ceará
  • 12.Distrito Federal
  • 13.Paraíba
  • 14.Pará
  • 15.Bahia
  • 16.São Paulo
  • 17.Rio de Janeiro
  • 18.Sergipe
  • 19.Santa Catarina
  • 20.Amapá
  • 21.Minas Gerais
  • 22.Goiás
  • 23.Acre
  • 24.Espírito Santo
  • 25.Paraná
  • 26.Maranhão
  • 27.Mato Grosso

Índice dos Estados em que mulheres afirmaram que há 10 anos era mais fácil ter filhos


Método de Pesquisa

O estudo teve abrangência nacional e foi realizado com mais de 2.500 pessoas, entre mulheres e homens, no período entre 11 e 25 de setembro de 2023. O método de coleta de dados foi feito por meio de questionário em formulário na internet.

As seguintes questões foram abordadas:

  • Você diria que foi mais fácil ter filhos há 10 anos atrás do que agora?
  • Você considera difícil cuidar de casa, filhos e trabalho ao mesmo tempo hoje em dia?
  • Quem poderia fazer mais para melhorar a possibilidade de conciliar família e trabalho?

Para efeitos de comparar os resultados entre regiões e estados, as respostas das perguntas afirmativas foram contabilizadas em números, 1 para “sim” e 0 para “não”. Algumas perguntas, com objetivo de obter resultados mais qualitativos, foram elaboradas com mais opções.