Setembro de 2023, estudo feito pela Famivita com mais de 2.500 participantes entre 12 e 18 de abril de 2023: Trazer mais informação e visibilidade para o Transtorno do Espectro Autista (TEA) é um dos maiores desafios no Brasil contemporâneo, envolvendo essa condição neurológica. O TEA é um distúrbio que tem como características principais, dificuldades para interagir socialmente, deficiências verbais, físicas e padrões restritos e repetitivos de comportamento. Conforme apontado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), aproximadamente 70 milhões de pessoas no mundo estão no TEA.

Usualmente, o Transtorno persiste na adolescência e na idade adulta e, em boa parte dos casos, seus sinais se mostram aparentes durante os primeiros cinco anos de vida. Vale lembrar que quanto antes os pais observarem e identificarem essas características e buscarem ajuda, melhor. Isso porque diversos estudos revelaram que o tratamento precoce, iniciado antes dos três anos de idade, traz resultados mais significativos no desenvolvimento da criança com autismo.

Como o Transtorno se manifesta de variadas maneiras em cada criança, a indicação de terapias costuma variar. Contudo, as mais diversas alterações nos processos neurológicos - a exemplo de modificações no crescimento, reações químicas e conexões dos neurônios - são comuns a todos os autistas e embora não haja cura, vale endossar que pode ser atenuado com tratamentos envolvendo áreas do comportamento, comunicação e pedagogia, entre outras. Referente ao tema, em nosso último estudo 83% das pessoas disseram saber dessa importante informação, relativa aos sinais do autismo poderem ser observados desde o início da infância.

Você sabia que os sinais do autismo podem ser observados desde o início da infância?

  • Especialmente aqueles entre 25 a 29 anos, responderam positivamente em relação a saber que os sinais do autismo podem ser observados na infância, com 86%.
  • Em seguida, vieram aqueles na faixa etária entre 40 a 44 anos, com 88%.
  • Entre as mulheres, 84% disseram ter ciência disso, já em relação aos homens, 69% responderam positivamente.
  • 85% das mulheres tentando engravidar afirmaram dispor dessa informação.

Dados escassos

No Brasil, existe uma lacuna quando se trata de dados mais precisos referentes ao autismo. Por exemplo, até hoje, no país, há apenas um estudo de prevalência, efetuado em 2011, em Atibaia (SP), de 1 autista para cada 367 habitantes (ou 27,2 por 10.000). O trabalho foi liderado pelo médico pesquisador Marcos Tomanik Mercadante [1960-2011], psiquiatra da infância e adolescência, referência em autismo no país, e aconteceu em um bairro de 20 mil habitantes da cidade. Vale ressaltar que era um estudo-piloto, ou seja, uma espécie de teste, em pequena escala, dos procedimentos, materiais e métodos propostos.

Por outro lado, estima-se que, a cada ano, cerca de 50 mil jovens com TEA cruzam a maioridade dos 18 anos nos EUA. E, no Brasil, também não há números do autismo em adultos. A idade média de diagnóstico nos EUA é de 4 anos de idade, segundo um estudo de 2018, em 11 estados. No Brasil, um estudo, também piloto, realizado somente na cidade de São Paulo (SP), também em 2018, chegou ao número de 4 anos e 11 meses e meio (4,97) como idade média de diagnóstico de autismo, mas foi registrada uma grande variação, por isso é necessário um maior aprofundamento nesse sentido.

De modo a melhorar esse contexto do conhecimento no Brasil sobre o TEA, o Censo do IBGE 2022 colocou, pela primeira vez, o autismo no radar das estatísticas, com o objetivo de mapear quantas pessoas vivem com o Transtorno e quantas podem ter, mas ainda não dispõem de diagnóstico. Os dados ainda serão divulgados. Atualmente, a estimativa é que no país haja 2 milhões de pessoas com autismo e em nosso estudo 61% dos participantes explicaram ter ciência acerca disso.

Você sabia que há mais de dois milhões de autistas no Brasil?

  • A informação da existência de 2 milhões de autistas no Brasil é conhecida especialmente pela faixa etária entre 35 a 39 anos e 40 a 44 anos, com 65%.
  • Entre as mulheres, 63% disseram saber disso, já entre os homens, 43% afirmaram ter conhecimento desse número no País.
  • Especialmente na faixa etária dos 25 aos 29 anos, 71% pontuaram que sim, conhecem alguém com autismo.

Saber é poder

O que se espera é que quanto mais informação e conscientização sobre o TEA, mais investimentos e pesquisas serão realizadas, mais diagnósticos acertados serão feitos, mais médicos bem preparados e humanizados estarão envolvidos nesse cenário, mais professores e escolas estarão aptos a receber os autistas, o que quer dizer que será proporcionada uma maior qualidade de vida para quem apresenta o Transtorno do Espectro Autista. E em nosso estudo também foi mostrado que 66% das pessoas conhecem ao menos uma pessoa com autismo, sendo que entre os homens tal número foi de 54%, contra 67%, entre as mulheres.

Importante mencionar que foi a partir da década de 1990 que a ideia de “espectro” ganhou força entre a comunidade científica - isso como resultado do trabalho da psiquiatra inglesa Lorna Wing [1928-2014]. Ela foi a primeira a defender que autismos diferentes não deveriam ser reduzidos a um parâmetro único. Todavia, a mudança mesmo de nomenclatura ocorreu apenas em 2013, com a publicação da 5ª edição do Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, da Associação Americana de Psiquiatria (DSM-5). Nela, os vários distúrbios da "família do autismo" foram englobados sob o guarda-chuva do espectro autista.

Desse modo, o dito "autismo clássico”, passou a dividir espaço com distúrbios antes categorizados em separado, como a Síndrome de Asperger. Nomes como Asperger, inclusive, não são mais usados de maneira oficial, mas várias pessoas diagnosticadas com autismo leve ainda usam o termo para se identificar.


Ranking dos estados em que participantes conhecem número de autistas no Brasil
  • 1.Piauí
  • 2.Tocantins
  • 3.Roraima
  • 4. Pará
  • 5.Mato Grosso
  • 6.Espírito Santo
  • 7.Pernambuco
  • 8.Rio de Janeiro
  • 9.Alagoas
  • 10.Amazonas
  • 11.Minas Gerais
  • 12.Santa Catarina
  • 13.Ceará
  • 14.Goiás
  • 15.São Paulo
  • 16.Bahia
  • 17.Maranhão
  • 18.Rio Grande do Sul
  • 19.Acre
  • 20.Paraíba
  • 21.Sergipe
  • 22.Mato Grosso do Sul
  • 23.Amapá
  • 24.Paraná
  • 25.Distrito Federal
  • 26.Rio Grande do Norte
  • 27.Rondônia