Março de 2023, estudo feito pela Famivita com mais de 2.100 participantes entre 19 de dezembro de 2002 e 02 de janeiro de 2023: Das timelines às mesas de bar, passando pelos seriados e as pesquisas acadêmicas: a igualdade entre homens e mulheres nunca esteve tão em pauta como na atualidade e o Dia Internacional da Mulher vem fomentar ainda mais o debate. A efeméride, de fato, traz à reflexão questões urgentes, que repercutem nos mais variados aspectos da vida social, atravessando desde a esfera pública, o mercado de trabalho, até o ambiente doméstico.

Quando se fala em representatividade política, por exemplo, é verdade que, em 2022, as candidaturas femininas bateram recorde, com 33,3% dos registros nas esferas federal, estadual e distrital. Apesar disso, elas ocuparam apenas 17,3% das cadeiras no Senado.

No âmbito profissional, igualmente, há ainda poucas mulheres em posições de chefia e os prejuízos vão muito além disso. Uma pesquisa divulgada pela Catho, em 2019, apontou o quanto elas estão em desvantagem no mercado de trabalho devido à gravidez, visto que o número de mulheres que abandonam o emprego por conta dos filhos chega a 30%, enquanto somente 7% dos homens deixam seu trabalho pelo mesmo motivo. Noutra vertente, um relatório divulgado pela Oxfam Internacional mostrou que as mulheres são responsáveis por 75% de todo o trabalho de cuidado não remunerado no mundo.

Para agravar a situação, 21% das mulheres que engravidam perdem seus empregos quando retornam da licença-maternidade e, ainda, em pleno século XXI, existem aqueles que defendem que mulheres devem ganhar menos, simplesmente porque engravidam. No Brasil contemporâneo, inclusive, elas recebem, em média, 20% menos que os homens, conforme levantamento da consultoria IDados, com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio do IBGE. E, pertinente ao assunto, para 55% das participantes do nosso último estudo, não existe igualdade de gênero no país.

Você considera que há igualdade entre mulheres e homens?


Da necessidade do feminismo

O feminismo defende a igualdade jurídica, política e social entre homens e mulheres. Tal paridade envolve diversos elementos, a exemplo de direitos políticos e trabalhistas, liberdades civis, equiparação salarial e divisão do trabalho doméstico. Noutra perspectiva, o movimento trata também do combate às diversas formas de opressão que se manifestam cultural e socialmente, tais como o assédio moral, psicológico e físico, bem como a imposição de padrões de beleza e comportamento.

Nos últimos anos, aliás, os movimentos feministas têm atraído cada vez mais atenção da sociedade. Contudo, mesmo estando sob os holofotes, há todo um estereótipo ao redor daquelas que se dizem feministas. Muitos acreditam que são mulheres que não usam maquiagem, não se depilam e odeiam homens, para citar alguns dos rótulos mais comuns.

Talvez, devido a essas visões equivocadas, a identificação com o movimento não seja tão grande. Na década de 1920, por exemplo, feministas eram chamadas de "solteironas", sendo frequentes artigos que especulavam sobre suas preferências sexuais. Mais de um século depois, esse tipo de ótica parece continuar, de certa maneira, existindo. E em nosso estudo a necessidade do feminismo praticamente dividiu opiniões, posto que 48% das mulheres afirmaram que o movimento não é necessário.

Você acha que o feminismo é necessário?

  • Especialmente na faixa etária entre 45 e 49 anos, 67% das entrevistadas explicaram não haver igualdade entre homens e mulheres.
  • Já dos 40 aos 44 anos, 65% apontaram que existe essa discrepância.
  • Especialmente as mulheres mais jovens disseram que o feminismo é necessário, pois 58% delas responderam positivamente, entre os 18 e os 24 anos.
  • Dos 35 aos 39 anos, 43% afirmaram que o movimento é fundamental.

Dia Internacional da Mulher: uma data trivial?

Parece inacreditável, mas no início do século passado, em muitos países, mulheres dependiam da tutela legal de pais, irmãos ou marido para ter conta em bancos, adquirir posses e até mesmo para viajar de uma cidade à outra. Não podiam estudar, não podiam votar, estando a elas vedado, igualmente, trabalhar fora, decidir com quem casar, não tinham o direito de se divorciar, ou planejar quando e quantos filhos ter, entre várias outras privações.

O Dia Internacional da Mulher surgiu como uma data comemorativa, estando ligada a uma sucessão de acontecimentos. Foi oficializada pela Organização das Nações Unidas (ONU) na década de 1970, vindo simbolizar, então, a luta histórica para que as mulheres disponham de condições equiparadas às dos homens, bem como realçando as conquistas do movimento feminista ao longo do século XX.

Embora a data tenha ganhado, com o passar do tempo, conotações voltadas à homenagens, no sentido de cumprimentar as mulheres, ou dar flores para elas, o Dia representa muito mais um convite à reflexão, no sentido de valorizar os avanços obtidos e avaliar os desafios, seja no campo familiar, social ou profissional. Diz respeito, também, a observar como a sociedade vem tratando a mulher, tendo em vista, por exemplo, que segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, em 2021, 1.341 mulheres morreram vítimas de feminicídio. E, ainda sobre o tema, 87% das entrevistadas consideram importante o Dia Internacional da Mulher.

  • Entre as mulheres dos 45 aos 49 anos, 93% disseram que a data é relevante.
  • Já dos 18 aos 24 anos, 90% responderam afirmativamente a respeito disso.
  • Por estado, Roraima e Rio Grande do Norte foram as regiões em que mais brasileiras apontaram a importância do Dia Internacional da Mulher.

Ranking dos estados em que brasileiras acreditam que o feminismo é necessário

  • 1.Roraima
  • 2.Amazonas
  • 3.Sergipe
  • 4.Pernambuco
  • 5.Maranhão
  • 6.Rio Grande do Norte
  • 7.Santa Catarina
  • 8.Rio de Janeiro
  • 9.Ceará
  • 10.Alagoas
  • 11.São Paulo
  • 12.Piauí
  • 13.Goiás
  • 14. Tocantins
  • 15.Minas Gerais
  • 16.Espírito Santo
  • 17.Distrito Federal
  • 18.Paraná
  • 19.Pará
  • 20.Mato Grosso do Sul
  • 21.Amapá
  • 22.Acre
  • 23.Rondônia
  • 24.Bahia
  • 25.Rio Grande do Sul
  • 26.Paraíba
  • 27.Mato Grosso

Índice dos estados em que brasileiras destacaram a desigualdade entre homens e mulheres


Método de Pesquisa

O estudo teve abrangência nacional e foi realizado com mais de 2.100 participantes entre 19 de dezembro de 2022 e 02 de janeiro de 2023. O método de coleta de dados foi feito por meio de questionário em formulário na internet.

As seguintes questões foram abordadas:

  • Você considera que há igualdade entre mulheres e homens?
  • Você acha que o feminismo é necessário?
  • Para você a data 8 de março (Dia Internacional da Mulher) possui importância?

Para efeitos de comparar os resultados entre regiões e estados, as respostas das perguntas afirmativas foram contabilizadas em números, 1 para “sim” e 0 para “não”. Algumas perguntas, com objetivo de obter resultados mais qualitativos, foram elaboradas com mais opções.